quinta-feira, 30 de junho de 2011

o impulso sexual

A humanidade possui o impulso sexual de uma forma inteiramente natural, espontânea e, eu diria, legítima. Este impulso desaparecerá natural e espontaneamente com a animalidade. Muitas outras coisas desaparecerão, como por exemplo, a necessidade de se alimentar e talvez também a necessidade de dormir do modo como dormimos agora. Mas, o impulso mais consciente numa humanidade superior, o qual continuou como uma fonte de... felicidade é uma grande palavra, mas de alegria, de deleite – é certamente a atividade sexual, e isto não terá absolutamente nenhuma razão de ser nas funções da Natureza, quando a necessidade de criar dessa maneira não mais existir. Portanto, a capacidade de entrar em relação com a alegria de viver se elevará de nível ou será orientada diferentemente. Mas, o que os antigos aspirantes espirituais buscavam a princípio – a negação sexual – é uma coisa absurda, porque isto deve ser assim apenas para aqueles que foram além desse estágio e não têm mais em si a animalidade. E isto deve extinguir-se naturalmente, sem esforço e sem luta. Fazer disso um centro de luta e de conflito é ridículo. Só quando a consciência deixa de ser humana, é que isto se extingue muito naturalmente. Aqui também há uma transição que pode ser algo difícil, porque os seres de transição estão sempre em um equilíbrio instável; mas existe dentro deles uma espécie de flama e uma necessidade que faz com que isto não seja doloroso – não é um esforço doloroso, é algo que pode ser feito com um sorriso. Porém, tentar impor isto àqueles que não estão preparados para esta transição é absurdo.

Trata-se de bom senso. Eles são humanos, não devem achar que não são.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

sexo e yoga

 Existe outro perigo; é com relação aos impulsos sexuais. O Yoga, em seu processo de purificação, vai desnudar e elevar todos os impulsos e desejos ocultos. E você deve aprender a não esconder nada nem deixá-los de lado, deve enfrentá-los, conquistá-los e remodelá-los. O primeiro efeito do Yoga, contudo é retirar o controle mental, e os desejos ardentes que jazem adormecidos são subitamente postos em liberdade, precipitam-se e invadem o ser. Enquanto este controle mental não tiver sido substituído pelo controle Divino, há um período de transição, quando sua sinceridade e entrega serão submetidas a um teste. A força desses impulsos, como os do sexo, decorre geralmente do fato de que as pessoas lhes dão demasiada importância. Elas protestam violentamente contra eles e esforçam-se para controlá-los por coerção, reprimem-nos no interior e sentam-se sobre eles.Mas, quanto mais você pensar numa coisa e disser: “Não quero isto, não quero isto”, tanto mais se prende a ela. O que você deveria fazer é afastá-la de si, dissociar-se dela, dar-lhe a mínima importância possível e, se acontecer de pensar nela, ficar indiferente e despreocupado.

Os impulsos e desejos que se elevam pela pressão do Yoga devem ser encarados com um espírito de desprendimento e serenidade, como alguma coisa estranha a você ou pertencente ao mundo exterior. Eles devem ser oferecidos ao Divino para que Ele os tome e os transmute.

terça-feira, 28 de junho de 2011

tabaco e álcool

“Por que o tabaco e o álcool destroem a memória e a vontade?”

Por quê? Porque o fazem. Não há nenhuma razão moral. É um fato. Há um veneno no álcool, há um veneno no tabaco; e esses venenos penetram nas células e prejudicam-nas. O álcool nunca é expedido, por assim dizer; ele se acumula em certa parte do cérebro, e então, depois de acumular-se, essas células deixam de funcionar – algumas pessoas até mesmo enlouquecem por causa disso, o que é chamado de delirium tremens, o resultado de haver ingerido álcool em excesso, o qual não é absorvido, mas permanece concentrado dessa maneira no cérebro. E isto é tão radical que...Há uma província na França, por exemplo, que produz vinho, um vinho com uma porcentagem muito baixa de álcool: creio que é de 4 ou 5 por cento, uma porcentagem muito baixa, entendem; e essas pessoas, por fabricá-lo, bebem vinho como se fosse água. Elas o bebem puro, e depois de algum tempo ficam doentes. Têm desordens cerebrais. Conheci pessoas assim, com o cérebro desordenado, que já não funcionava mais. E o tabaco – a nicotina é um veneno muito perigoso. É um veneno que destrói as células. Como disse, é um veneno lento porque não se sente de imediato, exceto quando se fuma pela primeira vez e isto o faz passar mal. E isto deveria fazê-lo compreender que tal coisa não deve ser praticada. O problema é que as pessoas são tão estúpidas que acham que isto se deve a uma fraqueza e assim continuam até ficarem acostumadas ao veneno. E o corpo não reage mais, ele se permite ser destruído sem reagir: você elimina a reação.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

bebidas e drogas: auto-controle

Há também seres humanos que se abandonam ao vício – um vício ou outro, como beber ou injetar drogas – e eles sabem muito bem que isto os está conduzindo à destruição e à morte. Mas, eles escolhem fazê-lo, conscientemente.

“Eles não possuam nenhum autocontrole.”

Sempre existe um momento em que todos possuem autocontrole. E se a pessoa não tivesse dito “sim" uma vez, se não tivesse tomado a decisão, não o teria feito.

Não há um só ser humano que não tenha a energia e a capacidade para resistir a algo que lhe é imposto – se ele é livre para fazê-lo. As pessoas lhe dizem: “Não posso fazer de outra maneira” – é porque no fundo de seus corações elas não querem fazer de outra maneira; aceitaram se tornar escravas de seu vício. Há um momento em que a pessoa aceita.

domingo, 26 de junho de 2011

cigarro, bebida e drogas

Algumas pessoas acreditam que fumar, beber, etc., fará parte da vida de amanhã. Isto é o que elas querem. Se quiserem passar por essa experiência, que a tenham. Elas descobrirão que estão se aprisionando em seus próprios desejos. Mas, de qualquer modo, eu não sou moralista, de maneira alguma, absolutamente, absolutamente. É problema delas. É problema delas. Se quiserem ter essa experiência, que a tenham. Mas o Ashram não é o lugar para isto. Graças a Deus, no Ashram aprendemos que a vida é algo mais. A verdadeira vida não é a satisfação dos desejos. Posso afirmar por experiência que todas as experiências provocadas pelas drogas, todos os contatos com o mundo invisível, podem ser obtidas de maneira muito melhor, muito mais consciente e controladas sem as drogas. Só que a pessoa precisa controlar-se. Isto é mais difícil do que tomar veneno. Mas, não quero começar a pregar.

paz no concreto

Nome científico: Calophyllum inophyllum
"Querer o que o Divino quer é a melhor condição para obtê-la."


sábado, 25 de junho de 2011

ofereça seu alimento ao divino

Enquanto nosso corpo for obrigado a ingerir substâncias externas para se manter, ele absorverá ao mesmo tempo uma considerável quantidade de forças inertes e inconscientes, ou aquelas que possuem uma consciência bastante desagradável, e esta alquimia deve ocorrer dentro do corpo. Estivemos falando dos tipos de consciência absorvidos com o alimento, mas há também a inconsciência que é absorvida com a alimentação – e uma considerável quantidade. E é por isso que em muitos yogas havia a recomendação de oferecer ao Divino aquilo que se vai comer antes de fazê-lo. Isto consiste em chamar o Divino para dentro do alimento antes de ingeri-lo. A pessoa o oferece a Ele – ou seja, coloca-o em contato com o Divino, de modo que ele esteja sob a influência divina ao ser ingerido. Isto é muito útil, muito bom. Se a pessoa souber fazê-lo, e muito proveitoso, e reduz consideravelmente o trabalho de transformação interior que deve ser realizado.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

o problema do alimento

Se a pessoa quer passar desta vida comum para uma vida superior, o problema do alimento torna-se interessante; e se, depois de ter alcançado uma vida superior, ela tentar preparar-se para a transformação, então isto se torna muito importante. Pois existem certamente alimentos que auxiliam o corpo a tornar-se sutil e outros que o mantêm num estado de animalidade. Mas, é somente nesse período em particular que isto se torna muito importante, não antes; e antes de chegar a esse momento, há muitas outras coisas a fazer. Certamente é melhor purificar a mente e o vital antes de penar em purificar o corpo. Pois, mesmo que você tome todas as precauções possíveis e vivas fisicamente tomando cuidado para não absorver nada exceto o que vai ajudá-lo a sutilizar o corpo, se a mente e o vital permanecerem num estado de desejo, inconsciência, obscuridade, paixão e todo o resto, isto não terá nenhuma utilidade. Seu corpo apenas vai ficar mais fraco, deslocado da vida interior, e um belo dia ficará doente.

Dissemos outro dia que o mais importante é manter o equilíbrio. Bem, para manter o equilíbrio, tudo deve progredir ao mesmo tempo. Você não deve deixar uma parte de seu ser na escuridão e tentar levar a outra parte para a luz. É preciso tomar muito cuidado para não deixar nenhum canto obscuro.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

tenha respeito pelas coisas


“Como devemos usar as coisas?”

Ah, isso é...Primeiramente, usar as coisas com a compreensão de sua verdadeira utilidade, o conhecimento de seu uso correto, com o máximo cuidado para que ela não se estrague e com o mínimo de desordem.

Vou lhes dar um exemplo: você possui uma tesoura. Há tesouras de todos os tipos, para cortar papel, para cortar fios...Assim sendo, se você tem a tesoura de que necessita, use-a para aquilo que ela serve. Todavia, conheço pessoas que têm uma tesoura e usam-na sem qualquer discernimento para cortar tudo, cortam fios de seda e tentam cortar arame com ela, ou então a usam como ferramenta para abrir latas, vejam vocês; seja o que for, se precisarem de um instrumento, pegam sua tesoura e utilizam-na. Assim, naturalmente, depois de pouco tempo vêm até mim novamente e dizem: “Oh, minha tesoura estragou, preciso de outra.” E ficam muito surpresas quando lhes digo: “Não, você não terá outra, porque estragou esta, usando-a mal.” Este é apenas um exemplo, eu poderia dar muitos outros.

Existe uma espécie de respeito pelo objeto que possuímos, que deve fazer com que o tratemos com muita consideração e tentemos preservá-lo por tanto tempo quanto possível, não por sermos apegados a ele ou desejá-lo, mas porque é algo que merece respeito por ter custado um grande esforço e trabalho produzi-lo, e assim deve ser considerado com o respeito devido ao trabalho e ao esforço dedicados a ele.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

produção

“Costuma-se dizer: “Não se pode fazer um monte sem fazer um buraco”, não se pode enriquecer sem tornar alguém pobre. Isto é verdade?”

Isto não é inteiramente correto. Se a pessoa produz algo, ao invés de empobrecimento, é um enriquecimento; ela simplesmente põe em circulação no mundo alguma outra coisa que possui um valor equivalente ao do dinheiro. Mas, dizer que não se pode fazer um monte sem fazer um buraco pode se aplicar àqueles que especulam, que negociam na Bolsa de Valores ou nas operações financeiras – nestes casos isto é verdade. É impossível ter sucesso financeiro em negócios de pura especulação sem ser em prejuízo de outros. Mas, limita-se a isto. Por outro lado, um produtor não faz um buraco se ele junta um monte de dinheiro em troca daquilo que produziu. Certamente existe a questão do valor da produção, mas se a produção é uma aquisição para a riqueza humana em geral, ela não gera um buraco, mas aumenta essa riqueza. E de uma outra maneira, não apenas no campo material, a mesma coisa se aplica à arte, à literatura ou à ciência, a qualquer produção enfim.

terça-feira, 21 de junho de 2011

o dinheiro não pertence a ninguém

O conflito relacionado ao dinheiro é o que pode ser chamado de “conflito de propriedade”, mas a verdade é que o dinheiro não pertence a ninguém. Essa idéia de possuir o dinheiro distorceu tudo. O dinheiro não deveria ser uma “possessão”, assim como o poder, ele é um meio de ação que lhe é dado, mas você deve usá-lo de acordo com...o que podemos chamar de “a vontade do Doador”, ou seja, de modo impessoal e esclarecido. Se você é um bom instrumento para utilizar e fazer circular o dinheiro, então ele virá a você, e virá na proporção de sua capacidade para utilizá-lo como deve ser utilizado. Este é o verdadeiro mecanismo.

A verdadeira atitude é esta: o dinheiro é uma força destinada ao trabalho na terra, o trabalho necessário para preparar a terra para receber e manifestar as forças divinas, e isto – quer dizer, o poder de utilizá-lo – deve vir às mãos daqueles que possuem a visão mais clara, mais compreensiva e mais verdadeira.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

o dinheiro tem valor quando é gasto

É infinitamente mais difícil ser bom, ser sábio, inteligente e generoso, ser mais generoso, quando se é rico do que quando se é pobre. Conheci muitas pessoas em diversos países, e as mais generosas que encontrei em toda parte foram as mais pobres. Pois tão logo os bolsos fiquem cheios, a pessoa é tomada por uma espécie de doença, que é um sórdido apego ao dinheiro. Asseguro-lhes que isto é uma maldição.

Portanto a primeira coisa a fazer quando se tem dinheiro é dá-lo. Porém, como se diz que ele não deve ser dado sem discernimento, não o dê como aqueles que praticam filantropia, porque isto os enche com um sentimento de sua própria bondade e generosidade e de sua própria importância. Você deve agir de maneira sáttwica, ou seja, faça o melhor uso possível dele. E dessa maneira, cada um deve descobrir em sua consciência mais elevada qual pode ser o melhor uso do dinheiro que possui. Na verdade, o dinheiro não possui nenhum valor a menos que circule. Para cada um e para todos, o dinheiro só tem valor quando é usado..

A riqueza é uma força – já lhes disse isto uma vez – uma força da Natureza; e deveria ser um meio de circulação, um poder em movimento, como a água corrente é um poder em movimento.

Esta força deveria estar nas mãos daqueles que sabem como fazer o melhor uso possível dela, isto é, como disse no começo, pessoas que tenham abolido em si mesmas ou, de um modo ou de outro, eliminado todo desejo pessoal e todo apego.

Se, além disso, estas pessoas possuírem um conhecimento espiritual superior, então elas poderiam utilizar esta força para construir gradualmente na terra aquilo que será capaz de manifestar o Poder divino, a Força e Graça divinas.

domingo, 19 de junho de 2011

uma dádiva perfeita

Aquilo que você é, dê isto; aquilo que você possui, dê isto, e sua dádiva será perfeita; do ponto de vista espiritual ela será perfeita. Isto não depende da quantidade de bens que possui ou do número de capacidades em sua natureza; depende da perfeição de sua oferenda, ou seja, da totalidade de sua doação. Lembro-me de ter lido, num livro de lendas indianas, uma estória como esta. Havia uma mulher muito pobre, muito velha, que não tinha nada, que era inteiramente carente e vivia numa pequena e miserável cabana; Ela havia ganhado uma fruta, uma manga. Tendo comido metade dela, guardara a outra metade para o dia seguinte, porque era algo maravilhoso, que raro lhe acontecia – uma manga. E então, quando a noite caiu, alguém bateu em sua frágil porta e pediu-lhe hospitalidade. Esse homem entrou, disse-lhe que queria abrigo e estava faminto. E assim, disse-lhe ela: “Bem, não tenho nenhum fogo para aquecê-lo, nenhum cobertor para cobri-lo, mas tenho metade de uma manga que sobrou, e é tudo que tenho, se você quiser; eu comi a outra metade.” Acontece que aquele homem era Shiva, e ela se viu preenchida pela glória interior, pois havia feito uma doação perfeita de si mesma e de tudo o que possuía.

Pois não é pela quantidade ou qualidade que a doação é medida; é pela sinceridade da oferenda e a inteireza do dom.

dignidade

Nome científico: Dahlia
"Afirma seu valor, não pede nada em troca."




sábado, 18 de junho de 2011

a perfeita igualdade

Quando acontecem coisas que não são o que esperamos, que não são o que desejamos ou queremos, contrárias a nossos desejos, em nossa ignorância as chamamos de infortúnios e lamentamos. Porém, se nos tornássemos um pouquinho mais sábios e observássemos as conseqüências mais profundas desses mesmos eventos, descobriríamos que eles estão nos conduzindo rapidamente em direção ao Divino, ao Bem-Amado; ao passo que circunstâncias fáceis e agradáveis encorajam-nos a perder tempo no caminho, a parar ao longo dele para colher as flores do prazer que se nos oferecem, e que somos fracos, ou não suficientemente sinceros, para rejeitar resolutamente a fim de que nossa marcha adiante não seja retardada.

Mas, no final das contas, a verdadeira atitude, o sinal e a prova de que estamos próximos da meta, é uma perfeita igualdade que nos capacita a aceitar o sucesso e o fracasso, a fortuna e o infortúnio, a felicidade e o sofrimento com a mesma alegria tranqüila; pois todas essas coisas se transformam em maravilhosas dádivas que o Senhor em Sua infinita solicitude derrama sobre nós.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sucesso

É preciso ser muito grande, muito puro, ter uma consciência espiritual muito elevada e muito desinteressada para ser bem sucedido sem ser afetado por isto. Nada é mais difícil do que ser bem sucedido. Este é, de fato, o verdadeiro teste da vida!

Quando você não é bem sucedido, muito naturalmente recua e se volta para dentro de si mesmo, buscando no interior o consolo para seu fracasso externo. E para aqueles que possuem um flama dentro de si – se o Divino realmente quiser auxiliá-los, se eles estiverem maduros o suficiente para serem auxiliados, se estiverem preparados para seguir o caminho – os golpes virão, um após outro, porque isto ajuda! É o auxílio mais poderoso, mais direto, mais efetivo. Se você for bem sucedido, fique vigilante, pergunte a si mesmo: “A que preço, quanto me custou o sucesso? Espero que não seja um passo para...’

Há aqueles que foram além disso, aqueles que estão conscientes de sua alma, que se entregaram totalmente, que são, como eu disse, absolutamente puros, desinteressados, e podem ser bem sucedidos sem que isto possa afetá-los e tocá-los; aqui, portanto, é diferente. Mas, é preciso ser muito elevado para ser capaz de suportar o sucesso. E, afinal de contas, talvez seja o último teste a que o Divino submeta alguém: “Agora que você é nobre, desinteressado, desprovido de egoísmo, que pertence apenas a Mim, vou fazê-lo triunfar. Vamos ver se você vai suportar.”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

sucesso e fracasso

Vocês não devem julgar as coisas a partir de um sucesso externo ou de uma aparência de derrota. Podemos dizer – e geralmente isto é o que quase sempre acontece – que o Divino dá aquilo que a pessoa deseja, e de todas as lições esta é a melhor! Pois, se o seu desejo é inconsciente, obscuro, egoísta, você aumenta a inconsciência, a obscuridade e o egoísmo dentro de si mesmo; significa que isto o afasta cada vez mais da verdade, da consciência e da felicidade. Leva-o para longe do Divino. E para o Divino, naturalmente, somente uma coisa é verdadeira: a Consciência divina, a União divina. E toda vez que você coloca as coisas materiais em primeiro lugar, você se torna cada vez mais materialista e se afasta mais e mais do pleno sucesso.

Porém, para a Verdade, este outro sucesso é uma terrível derrota...Você trocou a Verdade pela falsidade!

Julgar pelas aparências e por um aparente sucesso é precisamente um ato de completa ignorância. Mesmo para o homem mais calejado, para o qual tudo foi aparentemente bem sucedido, mesmo para ele há sempre uma contraparte. E essa espécie de endurecimento do ser que se produz, este véu que é formado, um véu cada vez mais espesso, entre a consciência externa e a verdade interior, torna-se, mais cedo ou mais tarde, totalmente insuportável. Geralmente isto é pago por um preço muito alto: o sucesso externo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Esaú e Jacó

Não sei quantos de vocês leram a Bíblia; não é muito agradável lê-la, e além do mais é muito longa; todavia, há nela uma história de que sempre gostei muito. Havia dois irmãos, se não me engano, Esaú e Jacó. Bem, Esaú estava muito faminto, é esta a história, não é? Creio que ele era um caçador ou algo assim; de qualquer modo, a história continua assim. Ele voltou para casa muito faminto e disse a Jacó que tinha muita fome, e sua fome era tão grande que disse ao irmão: “Ouça, se você me der seu cozido de lentilhas “ (que Jacó havia preparado) “eu lhe darei meu direito de primogenitura.” Vocês sabem que podemos entender a história muito superficialmente, mas ela possui um significado muito profundo: o direito de primogenitura é o direito de ser o filho de Deus. E dessa forma ele estava disposto a renunciar a seu direito divino por estar faminto, por uma coisa concreta, material, por comida. É uma história muito antiga, mas eternamente verdadeira.

terça-feira, 14 de junho de 2011

o materialismo dos tempos modernos

Naquela época, no tempo de Buda, viver uma vida espiritual era uma alegria, uma beatitude, a condição mais feliz, aquela que o libertava de todos os problemas do mundo, de todos os sofrimentos e cuidados, tornando-o feliz, satisfeito, contente.

Foi o materialismo dos tempos modernos que transformou o esforço espiritual numa luta difícil e num sacrifício, numa dolorosa renúncia de todas as assim chamadas alegrias da vida.

Essa insistência na realidade exclusiva do mundo físico, dos prazeres e alegrias físicos, das possessões materiais, é o resultado de toda esta tendência materialista da civilização humana. Era algo inconcebível nos tempos antigos. Pelo contrário, o afastamento, a concentração, a libertação de todas as preocupações materiais, a consagração à alegria espiritual, isto era de fato a felicidade.

Não estar preocupado dia e noite, noite e dia, com todas as pequenas satisfações físicas, todos os prazeres, sensações e preocupações do corpo, é demonstrar possuir um espírito extraordinário.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

conte uma bela história

“História imaginárias podem colocar a pessoa em contato com a vida, com a verdade?”

Nem sempre! E o que significa “contato com a verdade”? Há uma verdade até num grão de areia. Isto não significa nada.

Vocês não acham que já existem coisas horríveis demais no mundo sem que se precise retratá-las em livros? Isto é algo que sempre me causou surpresa, mesmo quando era criança – a vida é tão feia, tão cheia de coisas ruins, miseráveis, às vezes até mesmo repulsivas; qual a utilidade de imaginar coisas ainda piores do que as que existem? Se você imaginasse algo mais belo, uma vida mais bela, isto sim valeria a pena. As pessoas que têm prazer em escrever coisas desagradáveis mostram uma grande pobreza mental – é sempre um sinal de pobreza mental. É infinitamente mais difícil contar uma história bonita do começo ao fim, do que escrever uma que termine com um acontecimento impressionante ou uma catástrofe.

É muito mais difícil encerrar uma história com uma nota de grandeza e esplendor, fazer de seu herói um gênio que busca transcender a si mesmo, porque para isto é preciso que ele seja um gênio inato, e isto não é dado a todos.

domingo, 12 de junho de 2011

uma arte viva

Quando alguém pinta um quadro, compõe uma música ou escreve um poema, cada qual tem seu próprio modo de expressão. Cada pintor, cada músico, cada poeta, cada escultor, possui ou deveria possuir um contato pessoal único com o Divino, e através do trabalho que é sua especialidade, a arte que ele domina, deve expressar este contato à sua própria maneira, com suas próprias palavras, suas próprias cores. Ao invés de copiar a forma externa da Natureza, ele usa essas formas como o envoltório de uma outra coisa, precisamente de seu relacionamento com as realidades que se encontram por trás, nas profundezas, e tenta fazer com que elas expressem isto. Em lugar de apenas imitar aquilo que vê, ele tenta fazê-las expressar o que está por trás delas, e é isto que faz toda diferença entre uma arte viva e uma que é apenas uma cópia vazia da Natureza.

riqueza integral de mahalakshmi

Nome científico: Nympheae
"Riqueza em todos os domínios e em todas as atividades, intelectual, pscológico, material, em sensação e em ação."


sábado, 11 de junho de 2011

arte e yoga

A disciplina da Arte possui em seu centro o mesmo princípio da disciplina do Yoga. Em ambas o objetivo é tornar-se cada vez mais consciente; em ambas você tem que aprender a ver e sentir algo que está além da visão e do sentimento comuns, tem que se voltar para o interior e trazer de lá coisas mais profundas. Os pintores têm que seguir uma disciplina para o crescimento da consciência de seus olhos, que em si é quase um Yoga. Se forem verdadeiros artistas e tentarem ver além das aparências, utilizando sua arte para expressar o mundo interior, eles crescerão em consciência por meio dessa concentração, que não é outra coisa senão a consciência dada pelo Yoga. Por que não seria então a consciência yóguica um auxiliar à criação artística? Conheci alguém que tinha muito pouco treino e habilidade, e contudo adquiriu pelo Yoga uma admirável capacidade para escrever e pintar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

a verdadeira arte

A verdadeira arte tem a missão de expressar o belo em íntima conexão com o movimento universal. As maiores nações e os povos mais cultos sempre consideraram a arte como parte da vida e fizeram-na subserviente a vida. Assim era a arte no Japão em seus melhores momentos da história da arte. Mas a maior parte dos artistas é como parasitas à margem da vida; parecem não saber que a arte deveria ser a expressão do Divino na vida e através da vida. Em tudo, em toda parte, em todas as relações, a verdade deve ser manifestada em seu ritmo oni-abrangente, e cada movimento da vida deve ser uma expressão de beleza e harmonia. Habilidade não é arte, talento não é arte. A arte é uma harmonia e uma beleza viventes que devem ser expressas em todos os movimentos da existência. Esta manifestação da beleza e da harmonia é parte da realização Divina na terra, talvez mesmo sua parte mais importante.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

o sentimento de gratidão

Essa espécie de sentimento de gratidão pela existência do Divino; este sentimento de um maravilhado reconhecimento que verdadeiramente o enche de uma sublime alegria pelo fato de existir o Divino, de que há algo no universo e este algo é o Divino: ele não é apenas essa monstruosidade que vemos, o Divino está ali, o Divino existe. E cada vez que a menor coisa o coloca, direta ou indiretamente, em contato com esta sublime realidade da existência divina, o coração é preenchido por uma alegria tão intensa, tão maravilhosa, com uma gratidão que, de todas as coisas, é a que possui o maior deleite.

Não há nada que lhe proporcione uma alegria semelhante a esta gratidão. Você ouve um pássaro cantar, vê uma linda flor, observa uma criancinha, presencia um ato de generosidade, lê uma bela frase, contempla o pôr do sol, não importa o que seja, subitamente isto emerge em você, essa espécie de emoção – tão profunda e tão intensa – de que o mundo manifesta o Divino, de que existe algo por trás do mundo que é o Divino.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

o senso da beleza

Para praticar este yoga deve-se possuir, por pouco que seja, o senso da beleza. Se a pessoa não o possui, ela perde um dos mais importantes aspectos do mundo físico.

Há na alma uma beleza, uma dignidade – que é algo em relação ao qual eu sou muito sensível. É algo que me comove e sempre evoca em mim um grande respeito.

Sim, esta beleza da alma que é visível na face, essa espécie de dignidade, essa harmonia da realização integral. Quando a alma se torna visível no físico, ela confere à pessoa esta dignidade, esta beleza, esta majestade, a majestade que vem do fato de ser ela o Tabernáculo. Então, mesmo as coisas que não possuem nenhuma beleza em particular, assumem um sentido de beleza eterna, da beleza eterna.

Dessa maneira, eu tenho visto rostos que passam de um extremo a outro num segundo. Uma pessoa possui essa espécie de beleza e harmonia, este sentimento de dignidade divina no corpo; então, subitamente, surge a percepção de um obstáculo, de uma dificuldade, e o sentimento do erro, da indignidade – e assim, há uma repentina deformação na aparência, uma espécie de decomposição dos traços! E, no entanto, é a mesma face.

Mesmo os traços que são belos em si mesmos tornam-se horríveis. E eram os mesmos traços, a mesma pessoa.

terça-feira, 7 de junho de 2011

ouvindo música


“Mãe, quando alguém ouve música, como deve realmente ouvi-la?”

Para isto – se a pessoa puder ficar completamente silenciosa - entende? - silenciosa e atenta, simplesmente como se fosse um instrumento que deve gravá-la – a pessoa não se move, é apenas algo que está ouvindo – se ela puder ficar absolutamente silenciosa e imóvel, dessa forma, então a coisa é assimilada. E é só mais tarde, algum tempo depois, que você pode se tornar consciente do efeito, seja do que ela significa, seja da impressão que teve sobre você.

Mas, a melhor maneira de ouvir é esta. É como se a pessoa fosse um espelho imóvel e muito concentrado, muito silencioso. De fato, vemos pessoas que verdadeiramente amam a música...Eu vi músicos ouvindo música, músicos, compositores ou instrumentistas que realmente adoram a música, eu os observei ouvindo música – eles se sentam completamente imóveis, ficam assim, e não se movem de modo algum. Tudo, tudo é parecido com isto. E se a pessoa puder parar de pensar, então isto é muito bom, desse modo ela se beneficia plenamente...É um dos métodos de abertura interior e um dos mais poderosos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

lendo os textos de sri aurobindo

De modo geral e quase absoluto, se você quiser tirar proveito dessas leituras, assim como de todos os escritos de Sri Aurobindo, o melhor método é este: tendo recolhido sua consciência e focado sua tenção naquilo que está lendo, você deve estabelecer um mínimo de tranqüilidade mental – o melhor seria conseguir um perfeito silêncio mental – e alcançar um estado de imobilidade da mente, imobilidade do cérebro, por assim dizer, de modo que a atenção se torne serena e imóvel como um espelho, como a superfície de uma água absolutamente serena. Então, o que você leu passa através da superfície e penetra profundamente no ser, onde é recebido com o mínimo de distorção. Mais tarde – às vezes muito mais tarde – aquilo se eleva novamente das profundezas e se manifesta no cérebro com seu pleno poder de compreensão, não como um conhecimento adquirido de fora, mas como uma luz que a pessoa trazia dentro de si.

Se você for capaz de abster-se de fazer perguntas até que este processo de absorção e despertar interior estejam completos, bem, descobrirá então que tem muito menos perguntas a fazer, porque terá uma compreensão melhor do que leu.

domingo, 5 de junho de 2011

a leitura que desperta


Para aqueles que estão buscando, que estão tateando no escuro, que não se acham absolutamente certos, impelidos ora para este, ora para aquele caminho, que têm muitos interesses na vida, que não estão seguros, estabilizados na vontade pela realização, a leitura é algo muito bom, porque ela os coloca em contato com o assunto, dá-lhes algum interesse pela coisa.

Há um tipo de leitura que desperta em você um interesse pela coisa e pode ajudá-lo nas primeiras buscas. Geralmente, mesmo que você tenha tido experiências, precisa de um contato com a coisa através do pensamento ou da idéia, para que o esforço possa cristalizar-se mais conscientemente. Porém, quanto mais você conhece, mais deve ser absolutamente sincero em sua experiência, isto é, você não deve usar o poder formativo de sua mente para imaginar e assim criar a experiência em si própria. Do ponto de vista da orientação isto pode ser útil; mas, do ponto de vista da experiência, isto tira dela seu valor dinâmico, não possui a intensidade de uma experiência que surge porque as condições morais e espirituais para que ela ocorra foram cumpridas. Há todo o condicionamento mental que lhe é adicionado e que tira algo da espontaneidade. Tudo isto é uma questão de proporção. Cada qual deve encontrar a medida exata de que necessita, o quanto de leitura, o quanto de meditação, de concentração, etc. É diferente para cada um.

energia vital

Nome científico: Dendrathema xgrandiflorum
"Poderosa e variada,  para todas as necessidades."

 

sábado, 4 de junho de 2011

o conhecimento está dentro de você

Uma coisa certa sobre a mente e suas operações é que você só pode compreender aquilo que já conhece em seu ser interior. O que o impressiona num livro é o que você já experimentou profundamente em seu interior. As pessoas encontram um livro ou um ensinamento maravilhoso e freqüentemente dizem: “Isto é exatamente o que eu sinto e sei, mas não era capaz de trazer para fora ou expressar tão bem como está expresso aqui.” Quando as pessoas descobrem um livro de verdadeiro conhecimento, cada qual se vê ali, e a cada nova leitura descobre coisas que não tinha visto antes; a cada vez, um novo campo de conhecimento, que lhe tinha escapado, se abre para ela. Mas isto é porque ele alcança camadas de conhecimento que estavam esperando por expressão em seu subconsciente; a expressão foi dada por outro e de forma muito mais perfeita do que a pessoa teria conseguido. Mas, uma vez expresso, ela imediatamente o reconhece e sente ser a verdade. O conhecimento que lhe parece vir de fora é apenas uma ocasião para manifesta o conhecimento que está dentro de você.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

recordando o que você aprendeu

O verdadeiro modo pelo qual o que vocês aprenderam permanece é compreender, e não decorar. Se vocês decoram algo, é de forma mecânica, entendem? Mas, após algum tempo aquilo se apagará, a menos que façam uso disso constantemente. Por exemplo, vocês são levados a decorar as tábuas de multiplicação; se as usarem constantemente, recordar-se-ão delas, mas se por acaso ficarem anos sem usá-las, as esquecerão completamente. Porém, se compreenderem o princípio, serão capazes de se lembrar delas. Trata-se do princípio de multiplicação, se vocês o compreenderem com o senso matemático, não precisarão mais

Se vocês compreendem uma coisa, se têm a percepção do princípio que está por trás, podem se recordar disso indefinidamente, por centenas de anos, se pudessem viver centenas de anos; ao passo que algo que foi decorado...após algum tempo as células do cérebro se multiplicam, são substituídas, e algumas coisas são eliminadas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

cristalizando seu pensamento

A utilidade do trabalho se resume a isto: cristalizar este poder mental. Pois o que você aprende (a menos que o coloque em prática por meio de algum trabalho ou por estudo mais profundos), metade do que aprende, pelo menos, se dissipará, desaparecerá com o tempo. Mas isto deixará para trás uma coisa: a capacidade de cristalizar seu pensamento, fazendo dele algo claro, preciso, exato e organizado. E este é o verdadeiro benefício do trabalho: organizar sua capacidade cerebral.

Vou explicar isto para vocês: quando tiverem compreendido, isto formará um pequeno cristal em vocês, como um pequeno ponto brilhante. E quando tiverem formado muitos, muitos e muitos deles, então vocês começarão a ser inteligentes. Esta é a utilidade do trabalho, e não para encher simplesmente a cabeça com um monte de coisas que não o levam a lugar algum.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

nosso próprio modo de pensar

São necessários anos de trabalho, de organização, seleção e construção muito atentas, muito cuidadosas, racionais e coerentes, a fim de se conseguir simplesmente formar, oh, simplesmente esta pequena coisa, nosso próprio modo de pensar!

Acreditamos que temos nossa própria maneira de pensar. Em absoluto. Ela depende totalmente das pessoas com quem conversamos ou dos livros que lemos ou do humor em que estamos. Depende também da boa ou má digestão que tivemos, depende do fato de estarmos fechados num aposento sem ventilação adequada ou de estarmos ao ar livre; de termos à nossa frente uma bela paisagem, de haver sol ou chuva! Você não está consciente disso, mas pensa todo tipo de coisas completamente diferentes de acordo com uma grande quantidade de fatores que não têm nada a ver com você!
E para que isto se torne um pensamento coordenado, coerente, lógico, faz-se necessário um longo e completo trabalho.