segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

fugir de outras influências

“Doce Mãe, como podemos escapar das influências de outras pessoas?”
Concentrando-se de forma cada vez mais total e completa no Divino. Se você aspirar com todo o seu ardor, se quiser receber apenas a influência divina, se a cada momento você puxa de volta o que foi tomado, capturado por outras influências, e o coloca por meio de sua vontade sob a influência divina, você conseguirá fazê-lo. É um trabalho que não pode ser feito num dia, num minuto; você deve ser vigilante por um tempo muito longo, por anos; mas pode-se conseguir.

Em primeiro lugar, você deve querer isto.

Para todas as coisas, primeiro você deve compreender, querer, e em seguida começar a praticar – começar, por pouco que seja apenas.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

força e presença divina

“Mas Onde Conseguir Tal Força?”

Dentro de vocês. A Presença Divina está em vocês. Está dentro de vocês. Vocês a procuram no exterior; olhem para o interior. Ela está em vocês. A Presença está ai. Vocês querem a apreciação dos outros parar terem força, nunca a conseguirão. A força está em vocês. Se quiserem, podem aspirar ao que lhes parece a meta suprema, a luz suprema, o supremo conhecimento, o amor supremo. Mas isto se encontra em vocês -  do contrário, jamais seriam capazes de entrar em contato com isto. Se mergulharem profundamente em seu próprio interior, encontrarão isto lá, como uma chama que arde sem cessar.

E se houver alguma dificuldade, então, em lugar de querer lutar, vocês a entregam, a colocam nas mãos da sabedoria suprema – para que ela lide com todas as más vontades, divergências, reações inferiores. Se vocês entregarem completamente, isto não lhes diz mais respeito: concerne ao Supremo, que o toma e sabe melhor do que ninguém o que deve ser feito. É a única saída, a única saída. É isto, meu filho.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

a única saída

Nas atuais condições do mundo, as circunstâncias são sempre difíceis. O mundo todo se acha num estado de luta, de conflito entre as forças da Verdade e da Luz, que querem se manifestar e a oposição de tudo que não quer mudar, que representa no passado o que está estabelecido, petrificado e se recusa a deixar de existir. Naturalmente, cada indivíduo sente suas próprias dificuldades e enfrenta os mesmos obstáculos.

Há somente um caminho para vocês. É uma auto-entrega total, completa e incondicional. Desse modo, vocês se sentem acima das reações humanas circundantes – não apenas acima delas, mas protegidos delas pela muralha da Graça do Divino. Uma vez que não tenham mais desejos nem apegos, que tenham abandonado toda necessidade de receber qualquer recompensa dos seres humanos, sejam eles quem forem – sabendo que a única recompensa que vale a pena receber é a que vem do Supremo, e esta nunca falha – uma vez que tenham abandonado todo apego a todos os seres e coisas exteriores, vocês sentem imediatamente em seu coração esta Presença, esta Força, esta Graça que está sempre com vocês.

Não esperem a apreciação humana, porque os seres humanos não têm bases para julgar algo, e, além do mais, quando se trata de algo que lhes é superior, eles não gostam disso.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

seja bom pela importância de ser bom

Você não deve nutrir a ilusão de que se quiser seguir o caminho correto, se for humilde, se buscar a pureza, se for desprendido, se quiser levar uma existência solitária e ter um julgamento esclarecido, as coisas se tornarão fáceis...É exatamente o contrário! Quando você começa a avançar rumo à perfeição interna e externa, as dificuldades começam ao mesmo tempo.

Tenho ouvido freqüentemente as pessoas dizerem: ‘Oh! Agora que estou tentando ser bom, todos parecem ser maus para mim!” Mas isto é precisamente para ensiná-lo que não se deve ser bom movido pelo interesse, não se deve ser bom para que os outros sejam bons para você – você deve ser bom pela importância de ser bom.

É sempre a mesma lição: a pessoa deve agir tão bem quanto possa, fazer o melhor que puder, mas sem esperar um resultado, sem realizar a ação tendo em vista o resultado. Basta esta atitude, de esperar uma recompensa fácil – para anular todo o valor da boa ação.

Você deve ser bom por amor à bondade, ser justo por amor à justiça, seu puro por amor à pureza e desprendido por amor ao desprendimento; então você certamente avançará no caminho.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

insultos: permaneça imóvel

É muito mais difícil permanecer calmo, imóvel, imperturbável diante de algo muito desagradável – sejam palavras ou atos dirigidos contra você – infinitamente mais difícil do que responder com a mesma violência.

Suponha que alguém o insulte; se você puder permanecer imóvel diante desse insulto (não apenas externamente, eu quero dizer, integralmente), sem sentir-se perturbado ou afetado de qualquer maneira: você torna-se uma força contra a qual o outro não poderá fazer nada, você não responde, não faz nenhum gesto, não diz uma palavra, todos os insultos  lançados contra você o deixam absolutamente imperturbável, por dentro e por fora; você pode manter as batidas de seu coração absolutamente tranqüilas, pode manter os pensamentos em sua cabeça totalmente imóveis e calmos, sem nenhuma agitação, isto é, sua mente não responde imediatamente com vibrações semelhantes e seus nervos não se sentem pressionados pela necessidade de devolver algumas agressões para encontrarem alívio.

Se conseguir agir assim, você adquire um poder estático, que é infinitamente mais poderoso do que se tivesse essa espécie de força que o faz responder ao insulto com insulto, à agressão com agressão e à agitação com agitação.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

a atitude verdadeira

Vocês se fixam na perfeição que os outros deveriam realizar e dificilmente estão conscientes da meta que vocês próprios deveriam estar perseguindo.

Se estiverem conscientes, bem, então comecem a realizar o trabalho que é dado a vocês, ou seja, façam o que devem fazer e não se preocupem com o que os outros fazem, porque, afinal de contas, isto não lhes diz respeito.

O melhor caminho para a atitude verdadeira é simplesmente dizer:

‘Todos que estão ao meu redor, todas as circunstâncias de minha vida, todas as pessoas que me são próximas, são um espelho colocado diante de mim pela Consciência Divina para mostrar-me o progresso que devo realizar. Tudo aquilo que me choca nos outros, é um trabalho a realizar em mim mesmo.”


E assim, se a pessoa tivesse em si a verdadeira perfeição, talvez ela a encontrasse com mais freqüência nos outros.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

os outros são um espelho

Quando alguma coisa numa pessoa parece-lhes completamente inaceitável ou ridícula – “O quê! Ela é assim, ela se comporta desse modo, diz coisas como estas, faz coisas assim” – vocês deveriam dizer a si mesmos: “Bem, bem, mas talvez eu faça a mesma coisa, sem estar consciente disso.

Fariam melhor se olhassem primeiro para dentro de si mesmos, antes de criticar, para ter certeza de que não estão fazendo a mesma coisa, ainda que de modo um pouco diferente.

Se vocês tiverem bom senso e inteligência para fazer isto cada vez que ficarem chocados com o comportamento de outra pessoa, perceberão que, na vida, suas relações com os outros são como um espelho que lhes é apresentado para que possam ver mais fácil e claramente as fraquezas que trazem dentro de si mesmos.


De modo geral e quase absoluto, as coisas que nos chocam em outras pessoas são exatamente aquelas que trazemos em nós mesmos,  de uma forma mais ou menos velada, mais ou menos aparente,  talvez com um aspecto ligeiramente diferente, que é o que acaba nos iludindo.

Aquilo que parece bastante inofensivo em nós, torna-se imediatamente monstruoso assim que o identificamos nos outros.

Observem tudo isto com um sorriso benevolente. Tomem todas as coisas que os irritam como uma lição para si mesmos e suas vida serão mais tranqüilas e também mais efetivas, pois uma grande porcentagem de sua energia é gasta na irritação que sentem quando não encontram nos outros a perfeição que gostariam de realizar em si mesmos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

21 de fevereiro: celebração do nascimento da Mãe

Hoje, no ashram de Sri Aurobindo, em Pondicherry, na Índia, comemora-se o nascimento de Mirra Alfassa, A Mãe, em Paris, 21 de fevereiro de 1878. A flor de lótus branca, Aditi, é associada simbolicamente a ela.
"Aditi, the Divine Consciousness. Pure, immaculate, gloriously powerful. Aditi, the Mother. Aditi is the indivisible consciousness, force and Ananda of the Supreme; the Mother, its living dynamism, the supreme Love, Wisdom and Power." Sri Aurobindo
"Aditi, a Consciência Divina. Pura, imaculada, gloriosamente poderosa. Aditi, A Mãe. Aditi é a consciência indivisível, força e Ananda do Supremo; A Mãe, seu dinamismo vivo, Amor, Sabedoria e Poder supremos." Sri Aurobindo

como querer verdadeiramente

Aprender a querer é uma coisa muito importante. E para querer verdadeiramente, você deve unificar o seu ser. De fato, para se tornar um ser, você deve primeiramente unificar-se.

Se você é impulsionado por tendências absolutamente opostas, se passa três quartos de sua vida sem ser consciente de si mesmo e das razões pelas quais realiza as coisas, será que você é um ser real? Você não existe.

É uma massa de influências, movimentos, forças, ações, reações, mas não é um ser.

Você começa a tornar-se um ser quando começa a ter uma vontade. E não pode ter uma vontade a menos que esteja unificado.

Quando você tiver uma vontade, será capaz de dizer ao Divino: “Eu quero o que Vós quiserdes.” Mas não antes disso. Porque para querer o que Divino quer, você deve possuir uma vontade, do contrário não pode querer absolutamente nada. Você gostaria. Gostaria muitíssimo disso. Gostaria muitíssimo de querer o que o Divino quer realizar. Mas não possui uma vontade para dar a Ele e colocar a Seu serviço.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

fortalecer a vontade

“Mãe, como alguém pode fortalecer a vontade?”
 
Da mesma forma como se fortalecem os músculos,  através de um exercício metódico.

Pegue algo pequeno, algo que você queira fazer ou que não queira fazer. Comece com uma coisa pequena, não com alguma coisa muito essencial para o ser, mas um pequeno detalhe.

Digamos que seja um hábito que você deseja quebrar. Insista, exercite-sua vontade contra o hábito que você escolheu da mesma forma como faria força para erguer um peso – é a mesma coisa. É o mesmo tipo de esforço, apenas mais interior. E depois de utilizar coisas pequenas – coisas relativamente fáceis, você sabe – depois de usá-las e ser bem sucedido com elas, você pode unir-se a uma força maior e tentar um experimento mais complicado. E gradualmente, se praticar regularmente, você acabará por adquirir uma vontade independente e muito poderosa.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

recair no erro

Recair num erro que a pessoa sabe ser um erro, cometer um engano novamente que ela sabe ser um engano, isto me parece fantástico! Faz muito tempo – bem, pelo menos relativamente, pela medida humana – faz muito tempo que estou na terra, e ainda não fui capaz de entender isto. Isto me parece – isto me parece impossíve!!

Maus pensamentos, impulsos errados, falsidade interior e exterior, coisas que são hediondas, degradantes, enquanto a pessoa as faça ou as possua através da ignorância – a ignorância está presente no mundo – compreende-se, a pessoa tem o hábito de fazê-las; é a ignorância, ela não sabe que aquilo deveria ser de outro modo. Mas a partir do instante em que o conhecimento existe, que existe a luz, a partir do momento em que a pessoa viu a coisa como ela é, como pode fazê-la novamente? Isto eu não compreendo!

Então, do que a pessoa é feita? Ela é feito de trapos? É feita Deus sabe de quê. De gelatina?...Não se pode explicar. Mas não existe nenhum incentivo, nenhuma vontade, nada? Não há nenhum dinamismo interior?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

optar pelas fraquezas

“Mãe, existem erros...a pessoa sabe que são erros, mas ainda assim é como se ela fosse impulsionada a cometê-los. E então?”

Impulsionada pelo que? Ah, isto é exatamente o que acontece! É a natureza inferior, os instintos do subconsciente que governam você e o levam a fazer coisas que não deveria fazer.

Mas é uma escolha entre impor sua vontade ou aceitar a submissão. Há sempre um momento em que você pode fazer uma escolha...

E é uma escolha entre submeter-se às fraquezas e exercitar a vontade.  E se a vontade é clara, se está baseada na verdade, se realmente obedece à verdade e é clara, ela sempre tem o poder de recusar o movimento errado. É uma desculpa que você dá a si mesmo quando diz:”Eu não pude.” Não é verdade. É que realmente você não quis da maneira correta. Pois existe sempre a escolha entre dizer “sim” e dizer “não”. Mas a pessoa escolhe ser fraca e mais tarde dá a si mesma essa desculpa, dizendo: “Não é minha culpa; foi mais forte do que eu.”

É sua culpa se a coisa foi mais forte do que você. Porque você não é esse impulso, você é uma alma consciente e uma vontade inteligente, e seu dever é deixar que isto o governe e não os impulsos inferiores.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

evite o desespero

"Para algumas pessoas os acontecimentos são sempre contrários ao que elas desejam, aspiram ou acreditam ser bom para si mesmas. Geralmente, elas se desesperam. É isto uma necessidade para o seu progresso?”

O desespero nunca é uma necessidade para o desenvolvimento espiritual, é sempre um sinal de fraqueza e de tamas; geralmente indica a presença de uma força adversa, uma força que está intencionalmente agindo contra a sadhana.

Dessa forma, em todas as circunstâncias da vida você deve ser sempre muito cuidadoso em evitar o desespero. Além do mais, este hábito de ser sombrio, mal-humorado, de desesperar-se, não depende na verdade dos acontecimentos, mas de uma falta de fé na natureza. Aquele que tem fé, mesmo que seja apenas em si mesmo, pode enfrentar todas as dificuldades, todas as circunstâncias, mesmo as mais adversas, sem desânimo ou desespero. Ele luta como um homem até o fim. A natureza à qual falta fé, também falta persistência e coragem.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

autocensura

“Censurar-se é um bom método para progredir?”

Censurar-se? Não, necessariamente. Pode ser útil, de fato, até é útil, de tempos em tempos, a fim de escapar da ilusão de nossa própria perfeição. Mas não se deve gastar muita energia na autocrítica. É muito melhor usar essa mesma energia para fazer progressos, progressos concretos, algo mais proveitoso.

Por exemplo, se você tem pensamentos que são desagradáveis, feios, vulgares ou perturbadores, e diz: “Ah, ah, como sou intolerável, eu ainda tenho tais pensamentos, que estorvo é tudo isto!”, seria muito melhor utilizar essa mesma energia para fazer simplesmente (faz o gesto de 'espantar', "mandar embora' com uma das mãos) e expulsá-los.

E este é apenas o primeiro passo. O segundo é cultivar outro tipo de pensamentos, interessar-se por outra coisa: seja através da leitura ou da reflexão, mas de qualquer modo preencher a mente com algo mais interessante, usar a energia mais para construir do que para destruir.

Naturalmente, é necessário de tempos em tempos reconhecer nossos erros; é totalmente indispensável. Mas dar muita ênfase a eles não é necessário. O que é preciso é utilizar toda a energia para construir as qualidades que você quer possuir e fazer o que quer fazer .Isto é muito mais importante.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

purificação interior

Tenho conhecido pessoas (muitas, não poucas, e quero dizer, entre as que praticam yoga), tenho conhecido muitas que, toda vez que tiveram uma aspiração autêntica, no mesmo dia ou no máximo no dia seguinte, sofreram um completo retrocesso de consciência e se viram jogadas no extremo oposto de sua aspiração. Tais coisas acontecem quase que constantemente.

Bem, essas pessoas desenvolveram apenas o lado positivo. Elas realizam uma espécie de disciplina de aspiração, pedem ajuda, tentam entrar em contato com as forças superiores e conseguem fazê-lo, têm até experiências neste sentido; mas negligenciam completamente a necessidade de limpar sua casa interior, que continua tão suja como sempre, e assim, naturalmente, quando a experiência termina, a sujeira se torna ainda mais repulsiva do antes.

A pessoa nunca deve negligenciar a purificação de sua morada, isso é muito importante; a limpeza interior é no mínimo tão importante quanto a limpeza externa.

Vivekananda escreveu (não conheço o original, li apenas a tradução francesa): “Toda manhã a pessoa deve purificar sua alma e seu corpo, mas se você não tiver tempo para ambos, é melhor purificar antes a alma do que o corpo.”

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

comece de fora

Todas as forças na terra buscam a expressão. Todas elas precisam manifestar-se. Se você erguer uma barreira e se recusar a expressá-las, a tendência é que elas se choquem contra a barreira por um tempo, mas no final, vão se esgotar e, não sendo manifestadas, acabarão por deixá-lo em paz.

Desse modo, você nunca deve dizer: “Primeiro, purificarei meu pensamento, depois purificarei meu corpo, em seguida purificarei meu vital e depois então purificarei minha ação.” Esta seria a ordem normal, mas nunca funciona.

A ordem efetiva deve começar de fora para dentro: a primeira coisa é não realizar a ação, mais tarde, não desejá-la e por fim fechar completamente as portas a todos os impulsos: eles não existem mais para você, você agora está fora de tudo isto. Esta é a verdadeira ordem, a que é efetiva.

Primeiro, não fazer. Depois, não mais desejar e depois disso a coisa abandonará completamente sua consciência.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

recuse os movimentos inferiores

“Doce Mãe, como podemos esvaziar a consciência de seus conteúdos impuros?”

Por meio da aspiração, da rejeição dos movimentos inferiores, do apelo a uma força superior.

Se você não aceitar certos movimentos, então naturalmente, à medida em que não podem se manifestar, sua força vai diminuindo e eles param de ocorrer.

Se você se recusa a expressar tudo o que for de natureza inferior, pouco a pouco a própria coisa desaparece, e a consciência é esvaziada dos conteúdos inferiores.

É recusar-se a dar expressão – quero dizer, não apenas na ação mas também em pensamento e sentimento. Se toda vez que surgirem impulsos, pensamentos e emoções deste tipo você se recusar a expressá-los, se não lhes der importância e permanecer num estado interior de aspiração e calma, então gradualmente eles perdem sua força e param de ocorrer. Dessa forma a consciência é esvaziada de seus conteúdos inferiores.

Se você puder, numa grande aspiração, colocar-se em contato com algo superior, alguma influência de seu ser psíquico ou alguma luz do alto, e se for capaz de colocá-la em contato com esses movimentos inferiores, naturalmente eles cessarão mais rapidamente. Mas mesmo antes de ser capaz de atrair essas coisas por meio da aspiração, você pode impedir esses movimentos de encontrarem expressão em você através de uma recusa muito persistente e paciente. Sempre que surgirem pensamentos dos quais não gosta, se você simplesmente os rejeitar e não prestar nenhuma atenção neles, depois de algum tempo eles não virão mais. Mas você deve fazer isto com muita persistência e regularmente.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

vigilância

Vigilância significa estar desperto,  estar alerta, ser sincero – nunca ser apanhado de surpresa.

Quando você decide praticar sadhana, em todos os momentos de sua vida existe uma escolha entre dar um passo que conduza à meta e adormecer, ou às vezes até mesmo retroceder, dizendo a si mesmo: “Oh, mais tarde, não agora” --sentando-se no caminho.

Ser vigilante não é simplesmente resistir aquilo que o puxa para baixo, mas acima de tudo estar alerta para não perder nenhuma oportunidade de progredir, nenhuma oportunidade de superar uma fraqueza, de resistir a uma tentação, nenhuma oportunidade de aprender algo, de corrigir alguma coisa, de dominar algo.

Se você for vigilante, pode realizar em poucos dias o que de outro modo levaria anos.

Se for vigilante, você transforma cada circunstância de sua vida, cada ação, cada movimento, numa ocasião para chegar mais perto da meta.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

o lado positivo e o lado negativo

Neste nosso trabalho há um lado positivo e um lado negativo.

O lado positivo é aumentar a nossa aspiração, desenvolver nossa consciência, unificar nosso ser, interiorizar-se, a fim de entrar cada vez mais em contato com nosso ser psíquico; tomar todas as partes, todos os movimentos, todas as atividades de nosso ser e colocar tudo isto diante dessa consciência psíquica, de modo que essas coisas encontrem o seu verdadeiro lugar em relação a este centro; finalmente, organizar toda a nossa aspiração e o nosso progresso e voltá-los para o Divino. Este é o lado positivo.

Ao mesmo tempo, o lado negativo consiste em recusar metodicamente e com discernimento todas as influências que vêm de fora ou do subconsciente ou do inconsciente ou do ambiente ao redor, e continuar no caminho do progresso espiritual.  É preciso discernir essas influências, sugestões, impulsos e recusá-los sistematicamente, sem jamais se deixar desencorajar e nunca se submeter elas.

Deve-se, ao mesmo tempo, observar claramente no próprio ser todos os diferentes elementos, obscuros, egoísticos, inconscientes, ou mesmo malevolentes, que conscientemente ou de outro modo, respondem a essas más influências e permitem que elas não apenas penetrem na consciência, mas às vezes se estabeleçam nela. Este é o lado negativo.

Ambos devem ser praticados ao mesmo tempo. De acordo com o momento, a ocasião, a aptidão interior, você deve insistir ora neste, ora naquele, mas nunca esquecer qualquer um deles.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ofereça os movimentos errados

Em vez de ocultar um movimento errado,  ofereça-o. Projete-o na luz.

Geralmente ele se esquiva e se recusa! Mas, esta é a única maneira. É por isso que esta consciência é tão preciosa...

Bem, o que provoca a supressão é a idéia de bom e mau, uma espécie de desprezo ou vergonha pelo que é considerado como mau, e você faz isto (gesto de repulsa), você não quer vê-lo, não quer que esteja ali. É preciso...

A primeira coisa – a primeiríssima coisa a se compreender é que é a fraqueza de nossa consciência que produz essa divisão. Há uma  Consciência (agora estou certa disso) na qual isto não existe, na qual aquilo que chamamos de “mal” é tão necessário quanto o que chamamos de “bem”.

E que se pudermos projetar nossa sensação – ou nossa atividade ou nossa percepção – nessa Luz, isto trará a cura. Ao invés de reprimi-la ou rejeitá-la como algo a ser destruído (isto não pode ser destruído!), ela deve ser projetada na Luz.


E por causa disso, eu tive por vários dias uma experiência muito interessante: em vez de procurar expulsar para longe certas coisas (que não se aceita e que produzem um desequilíbrio no ser),  aceite-as, considere-as como partes de você  e...ofereça-as.

A resistência diminui  à medida em que conseguimos diminuir em nós o sentimento de reprovação; se pudermos substituir este sentimento de desaprovação por uma compreensão superior, então conseguiremos. É muito mais fácil.

Creio que é isto. Todos, todos os movimentos que o arrastam para baixo devem ser colocados em contato coma compreensão superior.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

maus impulsos e maus pensamentos

“Mãe, quando vimos para vê-la, tentamos estar na melhor condição possível, isto é, ter os melhores pensamentos; mas, ao contrário, geralmente todos os maus impulsos e maus pensamentos que tivemos durante o dia emergem.”

Talvez seja para que vocês se livrem deles.

E sempre que eles surgirem, vocês podem oferecê-los e pedir para se verem livres dele.

Talvez seja esta a razão,  porque a Consciência atua para a purificação. Não adianta nada esconder as coisas e empurrá-las para trás desse modo e imaginar que elas não estão ali, porque a pessoa lançou um véu sobre elas. É muito melhor ver-se a si mesmo como se é – desde que a pessoa esteja preparada para abandonar esse modo de ser. Se você vem permitindo que todos os movimentos ruins subam à superfície, para se mostrarem; se você os oferece, se diz: “Bem, é assim que eu sou” e se, ao mesmo tempo, você tem a aspiração de ser diferentes, então este segundo de presença é extremamente proveitoso; você pode, sim, nuns poucos segundos receber a ajuda de que necessita para se livrar deles; ao passo que se você vem como um pequeno santo e vai embora contente, sem ter recebido nada, não é muito proveitoso.


A Consciência age dessa forma automaticamente, é como o raio que traz luz para onde não havia nenhuma. Tudo que é precisa é que a pessoa esteja numa condição em que ela queira abandonar a coisa, eliminá-la – não apegar-se a ela e mantê-la. Se a pessoa quiser sinceridade expulsá-la de si, fazê-la desaparecer, então isto é muito proveitoso.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

o espelho psíquico

Assim é a vida. A pessoa tropeça e cai na primeira ocasião. Ela diz a si mesma: “Ok, não se pode ser sério o tempo todo”, mas depois se arrepende amargamente: “Eu fui um idiota, desperdicei meu tempo, agora tenho de começar de novo...”.

Às vezes tem um lado nosso que é mal-humorado, que se revolta, cheio de preocupações, e outro que é progressivo, cheio de auto-entrega. Tudo isto ao mesmo tempo.

Só há um remédio: o sinalizador do caminho deve estar sempre presente, um espelho bem colocado diante de seus sentimentos, impulsos, de todas as suas sensações. Você precisa vê-los através deste espelho. Há alguns que não são muito bonitos ou agradáveis de se ver;  outros que são belos, agradáveis, e devem ser mantidos.

Faça isso cem vezes por dia se necessário. É muito interessante. Isso traça uma espécie de grande círculo ao redor do espelho psíquico e organiza todos os elementos à sua volta. Se há alguma coisa que não está correta, projeta uma espécie de sombra escura sobre o espelho: esse elemento deve ser mudado, organizado. Deve-se dizer a ele, fazê-lo compreender, deve-se sair dessa obscuridade. Se vocês fizerem isto, jamais ficarão entediados.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

infelicidade

Você se sente inquieto, muito miserável, desanimado, um pouco infeliz: ‘As coisas não estão muito agradáveis hoje. Elas estão do mesmo modo como estavam ontem; ontem elas estavam maravilhosas, hoje elas não estão agradáveis!”, por que?

Porque ontem você estava num estado mais ou menos perfeito de entrega e hoje não está mais.

Assim, o que era tão belo ontem já não é tão belo hoje. Essa alegria que você tinha em seu interior, essa confiança, essa convicção de que tudo correria bem e o grande trabalho seria realizado, essa certeza – tudo isto, entende, foi velado, foi substituído por uma espécie de dúvida e, sim, por um descontentamento: “As coisas não são belas, o mundo é horrível, as pessoas são desagradáveis.”

Chega a este ponto: “A comida não está boa, ontem estava excelente.” É a mesma, mas hoje não está boa! Este é o barômetro! Neste caso, pode acreditar que uma insinceridade entrou sorrateira em algum lugar. É muito fácil saber, você não precisa ser muito entendido, pois, como Sri Aurobindo disse no Elementos de Yoga: a pessoa sabe se é feliz ou infeliz, se está contente ou descontente, ela não precisa se perguntar, colocar-se questões complicadas para isto, ela sabe! Bem, é muito simples.

No momento em que você se sentir infeliz, pode escrever embaixo: “Eu não sou sincero!” Estas duas frases andam juntas: “EU ME SINTO INFELIZ.” – “EU NÃO SOU SINCERO!”

Agora, o que é que está errado? Então comece a observar e é fácil descobrir...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

a perfeita sinceridade

Fundamentalmente, qualquer que seja o caminho que seguimos – seja o caminho da auto-entrega, da consagração, do conhecimento – se você quiser que seja perfeito, ele será sempre e igualmente difícil.

E não há senão um meio, um somente, o único que eu conheço: e este é uma perfeita sinceridade, mas uma sinceridade perfeita!

Vocês sabem o que é a perfeita sinceridade?

Jamais tentar enganar a si mesmo, jamais deixar que uma pequena parte do seu ser sobreponha-se às demais, nunca arranjar desculpas para justificar seus desejos, jamais fechar os olhos quando algo for desagradável, nunca deixar passar o que quer que seja, dizendo a si mesmo: “Isto não é importante, da próxima vez será melhor.”

Oh! Isto é muito difícil! Tentem por uma hora apenas e vocês verão quão extremamente difícil é. Por uma hora apenas, ser totalmente, absolutamente sincero. Não deixar passar nada. Quer dizer, tudo o que se faz, tudo o que se sente, tudo o que se pensa, tudo o que se quer, é exclusivamente o Divino.

“Eu não quero nada a não ser o Divino, não penso em nada que não seja o Divino, não faço nada senão aquilo que me conduzirá ao Divino, não amo nada senão o Divino.”

Tentem – tentem, só para ver, tentem por meia hora, e você verão como é difícil!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

sinceridade total e absoluta

“Qual é a virtude fundamental que devemos cultivar para a vida espiritual?”

Eu disse isto muitas vezes, mas esta é uma oportunidade de repetir: é a sinceridade.

Uma sinceridade que deve se tornar total e absoluta, pois apenas a sinceridade é sua proteção no caminho espiritual.

Se você não é sincero, o próximo passo certamente será cair e quebrar a cabeça. Todas as espécies de forças, vontades, influências, entidades, estão aí, vigiando, atrás da menor brecha por onde atacar e que deixarão você em confusão.

Portanto, antes de fazer qualquer coisa, de começar e de tentar alguma coisa, antes de tudo, esteja certo de que você não apenas é tão sincero quanto pode ser, mas que tem a intenção de tornar-se cada vez mais sincero.

Pois essa é sua única proteção.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

abra-se, seja modesto

O que você deve fazer é abrir completamente as portas de seu ser para o Divino.

No momento em que você esconde algo, caminha diretamente para a falsidade. A menor omissão de sua parte o atrai imediatamente para baixo rumo à inconsciência. Se você quer ser plenamente consciente, esteja sempre diante da verdade - abra-se completamente e tente da melhor forma possível deixar que ela veja profundamente em seu interior, em cada canto de seu ser.

Somente isto lhe trará luz e consciência e tudo o que é mais verdadeiro. Seja absolutamente modesto – isto é, conheça a distância entre o que você é o que deve ser, não permitindo que essa grosseira mentalidade física o faça acreditar que que conhece, quando não conhece, quando não pode julgar.

Modéstia significa entregar-se com absoluta sinceridade ao Divino, pedindo por ajuda e, por meio da submissão, conquistando a liberdade e a ausência de responsabilidade que proporcionam à mente uma completa quietude.

Somente desse maneira você pode esperar alcançar a união com a Consciência Divina e a Vontade Divina.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

experiência e flexibilidade

Uma pessoa com experiência não é necessariamente a mais avançada. Falta-lhe um elemento de simplicidade, de modéstia, e a plasticidade que nasce do fato dela não estar ainda totalmente desenvolvida.

À medida que a pessoa cresce algo se cristaliza na cabeça; isto se torna cada vez mais estabelecido e a menos que você se esforce muitíssimo, acaba se tornando fossilizado.

Isto é o que normalmente acontece com  as pessoas, particularmente com aquelas que passaram a acreditar que alcançaram a meta. Sua meta pessoal, ao menos. Elas alcançaram, elas realizaram. Está acabado e ali permanecem, dizendo “É isto”. E não fazem mais nada.

Podem viver mais dez, vinte ou trinta anos, mas não se movem. Elas estão lá e lá permanecerão. Falta a essas pessoas toda a flexibilidade de natureza que é necessária para seguir adiante e progredir. Estão empacadas. Elas são ótimos objetos para serem postos num museu, mas não para trabalhar. São como exemplos para demonstrar o que pode ser realizado, mas não têm o necessário para realizar mais.

Para mim, pessoalmente, admito que prefiro para meu trabalho uma pessoa que conheça muito pouco, que não tenha se esforçado tanto, mas que possua uma grande aspiração, uma imensa boa-vontade e sinta em si mesma essa chama essa necessidade de progredir. Ela pode conhecer muito pouco, pode ter realizado menos ainda, mas se possui isto em seu interior, é um bom material com o qual se pode ir muito longe, muito mais longe.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

disciplina e desenvolvimento

Se você impõe a si mesmo uma disciplina e se ela não for muito estúpida, ela pode ajudá-lo.

Mas, como lhe disse, disciplinas, tapasyas, todas as disciplinas ascética, do modo como são normalmente praticadas, constituem o melhor meio de torná-lo orgulhoso, de estabelecer em você um orgulho tão terrível, que você jamais, jamais será convertido. Ele terá que ser posto abaixo a golpes de martelo.

A primeira condição é uma saudável humildade que o torna consciente de que a menos que você seja sustentado, alimentado, auxiliado, iluminado e guiado pelo Divino, você não é absolutamente nada. Aí está. Quando você tiver sentido isto, não apenas compreendido com sua mente, mas sentido, até mesmo em seu próprio corpo, então você começará a ser sábio, mas não antes.*

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

auto-domínio e ascetismo

“Mãe, para o autodomínio, os métodos ascéticos não são às vezes úteis?”


Não! Você não cura nada. Você apenas nutre a ilusão de que progrediu, mas não cura nada. A prova é que se você interrompe seus métodos ascéticos, a coisa se torna até mesmo mais forte do que antes; ela retorna com uma vingança.

O que são métodos ascéticos? Se for não consentir em satisfazer todos os desejos, isto na verdade não é ascetismo, é bom senso. É algo mais. Métodos ascéticos são coisas como jejum prolongado, forçar-se a suportar o frio...de fato, torturar um pouco o próprio corpo.

Isto na verdade dá apenas orgulho espiritual, nada mais, não existe nenhum domínio. É infinitamente mais fácil. As pessoas praticam esses métodos porque é muito fácil, muito simples. Exatamente porque o orgulho se vê plenamente satisfeito e a vaidade infla, então se torna muito fácil. A pessoa faz uma grande demonstração de suas virtudes ascéticas e, por isso, considera-se uma personagem extremamente importante. Isto a ajuda a suportar muitas coisas.

É muito mais difícil dominar os próprios impulsos discretamente, calmamente, e impedi-los de se manifestarem,  sem tomar medidas ascéticas.